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sábado, 15 de junho de 2019

Governo de SP usa aposentadoria do servidor para defender privatização dos presídios

O governo de São Paulo está perdendo as estribeiras na tentativa de defender a privatização dos sistema prisional. A "nova" justificativa é o custo das aposentadoria dos servidores penitenciários aos cofres públicos, segundo o vice-governador e secretário de Governo Rodrigo Garcia, em coletiva de imprensa na sexta-feira (14).

Garcia acha que o debate sobre o alto custo do detento no sistema privatizado está "sendo feito de forma errada" por não levar em conta o quê? O custo das aposentadorias dos servidores penitenciários aos cofres públicos!

Sim, pasmem, era só o que falta, mas o vice-governador disse isso ignorando completamente a verdade: que nossa aposentadoria é mantida pela contribuição descontada mensalmente dos nossos próprios salários, dos que estão na ativa e também do benefício dos que já estão aposentados, um desconto de 11%!

Outra bomba do vice-governador nessa coletiva foi o seguinte: ele disse que os servidores penitenciários que estão no sistema serão mantidos e terão suas aposentadorias garantidas pelo Estado, mas a partir de agora o governo paulista "não quer mais" esse modelo público e a privatização é o que virá daqui para frente.

Assistam as declarações de Garcia e de João Doria:




Na noite de 14 de junho, divulgamos o posicionamento do SIFUSPESP no site e em nossas redes sociais, onde crescem as críticas e a revolta da categoria com o governo paulista, e não é para menos!

Ainda nessa coletiva com os jornalistas, Doria questionou o déficit de servidores que denunciamos à Folha de S.Paulo, divulgado em reportagem de página inteira neste 14 de junho (leia a íntegra). Na visão do governador, “alguns depoimentos feitos na matéria não procedem” e ele teve a coragem de dizer que não há "risco de qualquer espécie" por conta da falta de funcionários.

Os dados que Doria contesta na maior cara de pau são estes abaixo publicados na reportagem da Folha.

Na entrevista ao jornal, eu deixei claro que o déficit real de agentes penitenciários, de agentes de escolta e de médicos é muito maior que o "oficial" divulgado pelo governo estadual porque muitos servidores estão deslocados, em tarefas burocráticas e não nos presídios.

Cinco detentos por servidor é o índice recomendado pelo Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, e em SP são 9 presos por agente. Como também disse à Folha de S.Paulo, esse quatro gera todo o desgaste emocional que vivemos, provoca adoecimento e tentativas de suicídio na categoria - tristemente, tivemos dois suicídios e 12 tentativas de suicídio somente nesses seis primeiros meses de 2019.

Por isso é  tão revoltante o menosprezo do governador, pois sabemos bem a pressão que enfrentamos dia a dia com a falta de investimento do próprio Estado, e ainda assim realizamos um trabalho de excelência.

Ao mesmo tempo em que enfrentamos esse cotidiano estressante, temos centenas de aprovados em concursos públicos que ainda não foram chamados, e as nomeações pararam de vez desde o início do governo Doria, quando ele, de cara, afirmou que faria privatização de presídios.

Mentiras sobre PPP e sobre o "modelo" de Ribeirão das Neves

Falácias para justificar as privatizações: até quando o governo não vai dialogar?

Mais uma vez, Doria afirmou que a privatização das unidades de Aguaí, Gália I e II e Registro serão Parceria Público-Privada (PPP), mas na verdade se trata de uma cogestão porque esses centros já foram construídos com dinheiro dos cofres públicos.

No show desinformação que seguiu na coletiva, Doria e seu vice ainda prometeram que o modelo privatizado a ser trazido para SP será como uma versão melhorada do presídio mineiro de Ribeirão das Neves, com referência também em países do exterior para onde o Coronel Restivo, secretário da SAP, tem viajado em busca de informações e "tecnologia".

"Atendimento humanitário" aos detentos, com "oportunidade de educação", "ensino presencial, ensino universitário à distância, prática esportiva e elevados índices de recuperação" também são promessas do governo estadual em troca de entregar as chaves das cadeias à iniciativa privada.

Doria só não contou aos jornalistas que, para fazer parte do presídio mineiro, os presos passam por uma seleção minuciosa e que ficam de fora desse "modelo" os "presos-problema", como os detentos considerados de alta periculosidade,  que são de facções criminosas ou condenados por crimes como estupro.

Tratorando toda a nossa categoria, a população e os deputados da Assembleia Legislativa, e divulgando informações falaciosas, o governo estadual segue ignorando o diálogo sobre a privatização de presídios como se a segurança pública não precisasse ser discutida em nome do "enxugamento da máquina".

Até quando Doria vai ignorar a todos e todas nós?


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