Pirajuí – A madrugada de ontem começou de forma trágica em Pirajuí (58 quilômetros de Bauru). O ex-diretor de disciplina da Penitenciária 1 da cidade Maurício Ricardo Rosalem, 37 anos, foi morto no terminal rodoviário com duas facadas. No momento em que a vítima foi esfaqueada, ela falava ao celular com o filho de 12 anos. Em uma semana, é a terceira morte provocada por arma branca no município com pouco mais de 22 mil de habitantes (leia mais abaixo).
Rosalem estava na rodoviária por volta da meia-noite, à espera de um ônibus que iria para a Capital. Lá, ele trabalhava como diretor de disciplina da Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (Casa). De acordo com o que a reportagem apurou, Rosalem estava trabalhando em São Paulo há cerca de 90 dias.
Segundo informações da Polícia Civil, um homem negro e com boné vermelho estava à espera da vítima desde às 18h. O vigilante do terminal rodoviário teria visto, inclusive, toda a ação e tentado intervir.
Para os investigadores, a ação foi premeditada e a principal linha de investigação é a de que o autor do crime seja algum detento da época em que Rosalem era diretor da unidade prisional pirajuiense.
Uma das facadas atingiu as costas da vítima e a outra, o tórax. Ele foi socorrido ainda com vida e encaminhado à Santa Casa de Pirajuí. Lá, porém, não resistiu e morreu. Aos policiais militares, chegou a dizer que o autor do ataque era o “Negão da Horta”, o que amplia os indícios de que seja um detento.
Celular
Apesar do trabalho na Capital, a família de Maurício Rosalem ainda morava em Pirajuí. De acordo com amigos da família, o caso, que já se configura uma tragédia por si só, ganhou contorno ainda mais dramáticos.
No momento em que foi atacada pelo assassino, a vítima falava com o filho ao celular. Conhecidos disseram que o garoto não queria que o pai viajasse ontem e, por isso, teria chorado muito.
Para acalmar o filho, o funcionário público teria ficado conversando com ele pelo celular. “O garoto ficou desesperado ao ouvir os gritos do pai”, disse uma amiga da família, que não quis ser identificada.
A polícia investiga o caso. Até o fechamento desta edição, o suspeito não havia sido detido ou mesmo identificado. A faca usada no crime e o boné do autor foram apreendidos. A reportagem acionou a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), porém, não houve retorno.
O corpo de Maurício Rosalem foi velado na parte da manhã em Pirajuí e, depois, levado para ser sepultado em Mirandópolis, onde está o restante da família da vítima. Nas redes sociais, amigos e familiares demonstraram choque e surpresa com o fato. Além do filho de 12 anos e da esposa, ele deixa um bebê de 5 meses.
PCC?
Apesar de a principal hipótese do crime ser realmente vingança por parte de algum detento da época em que Maurício Rosalém trabalhava na Penitenciária 1, ainda não está descartado um ataque de facção criminosa. Porém, de acordo com a Polícia Civil, essa possibilidade é pequena.
Desde o começo do ano, vários policiais militares foram assassinados no Estado de São Paulo. A grande maioria das vítimas estava em folga e a atribuição aos crimes é dada ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
Até agora, nenhum caso foi registrado na região de Bauru.
Três mortes
Com a morte do diretor prisional registrada ontem, em apenas uma semana Pirajuí foi cenário de três assassinatos. Por coincidência, todas as mortes foram provocadas por armas brancas.
Na última sexta-feira, o servente José Gonçalves Filho, 34 anos, foi morto enquanto tentava apartar uma briga. A faca atingiu o pescoço do homem e ele não resistiu.
Na madrugada do dia 29, o travesti Francesco Felipe Vieira Pinho, 25 anos, conhecido por “Tchesca”, também foi assassinado. Ele foi encontrado, por volta das 4h50, com um único ferimento nas costas, na altura do pulmão.
Em nenhum dos casos, os suspeitos foram presos.
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Maurício foi assassinado na rodoviária de Pirajuí |
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