Pesquisar este blog

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Crises fazem 2013 ser ano com maior número de presos no sistema federal

Crises fazem 2013 ser ano com maior número de presos no sistema federal

Sistema chegou a ter 550 detentos; houve 206 novas inclusões, diz Depen.
Rebeliões, ameaças e ataques nas ruas motivaram transferências.

Tahiane StocheroDo G1, em São Paulo
104 comentários
  •  
Inclusões e devoluções nas cadeias federais em 2013
Estado
Transferidos pelos estados
Devolvidos para os estados
Motivo
AC
5
4
Preservação da segurança e relação com facções de outros estados.
AL
3
34
Não informado.
AM
3
1
Líderes de rebeliões e presos que ameçavam o sistema penitenciário.Leia mais
AP
1
1
Líder de facção em presídio que ameaçava agentes.Saiba mais
BA
7
2
Suspeitos de liderar tráfico e mortes de dentro dos presídios.Saiba mais
CE
16
2
Acusados de liderar tentativas de fugas e brigas entre grupos nos presídios.
DF
3

Estado diz que foi em abril, mas não divulgou a razão.
ES
7
Término do prazo de permanência.
GO
1
Término do prazo de permanência.
MA
1
1
Integrante de facção que representava ameaça de segurança pública.
MG
21
4
Presos que promoveram rebelião com reféns e feridos. Saiba mais
MS
14
4
Integrantes de facções criminosas que coordenavam crimes e atos dentro de presídios.
MT
1
12
Não informado.
PA
2
Término do prazo de permanência.
PB
3
8
Não informado.
PE
1
Permanência do preso no Estado representava perigo.
PI
PR
40
3
Desarticular planos do crime organizado após ataques em SC. Saiba mais
RJ
4
9
Após tentativa de resgate de presos em fórum com tiroteio e feridos. Saiba mais
RN
8
7
PMs acusados de integrar grupo de extermínio representavam risco à segurança pública do estado. Saiba mais
RO
15
12
Morte de agentes penitenciários. Ameaças e instabilidade nos presídios.Saiba mais
RR
5
5
Não informado.
RS
SC
42
13
Ataques contra bases policiais e incêndios de ônibus e prédios públicos que ameaçaram a segurança.Saiba mais
SP
13
1
Resposta a onda de ataques; suspeitos de matar policiais.Saiba mais
TO
1
Término do prazo de permanência.
Total:
206
134
Dados ainda em consolidação
Fonte: Depen e juiz Walter Nunes, do Fórum Permanente do Sistema Penitenciário Federal












































































































































































Crises de segurança pública fizeram de 2013 o ano em que mais presos foram mantidos nas penitenciárias federais de segurança máxima, que guardam os detentos mais perigosos do país.
Segundo o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), do Ministério da Justiça, as quatro prisões federais chegaram a abrigar 550 detentos no ano passado.

Esse foi o maior número  de presos desde que a primeira das quatro penitenciárias federais foi construída, em 2006, em Catanduvas (PR). Mesmo assim, a quantidade está bem abaixo da capacidade total das quatro unidades, que é de 832 vagas.

Em 2013, houve 206 novas inclusões nas penitenciárias federais de segurança máxima do país. As movimentações ocorreram após rebeliões, ataques à população e a bases policiais, assassinatos, ameaças e surgimento de novas lideranças de facções (veja os números e motivos na tabela ao lado).
Segundo o juiz Walter Nunes – que coordena o Fórum Permanente do Sistema Penitenciário Federal, acompanha a administração das quatro prisões federais e atua como corregedor de uma delas, a de Mossoró (RN) –, o ano passado foi "atípico".
"Com certeza, [foi o ano] com maior movimento". "Foi um ano movimentado não só pela grande entrada e saída de presos, mas também porque fizemos circular intermanente casos emblemáticos", como o de Fernandinho Beira-Mar, líder de uma facção que comanda o tráfico de drogas no Rio de Janeiro.
O Brasil tem quatro penitenciárias federais localizadas em pontos extremos das fronteiras. Além de Catanduvas e Mossoró, há prisões de segurança máxima em Porto Velho (RO) e Campo Grande (MS). Cada uma delas tem 208 vagas, mas a lotação atual é de 60% – em 10 de janeiro, havia 496 presos procedentes de quase todos os estados, com exceção do Tocantins, de Sergipe e do Rio Grande do Sul. Em média, os juízes tentam manter os presos nessas unidades por no máximo um ano, devolvendo-os em seguida a seus respectivos estados.
Por causa de uma onda de violência que culminou com a morte de 100 policiais em 2012, São Paulo transferiu no ano passado 13 detentos para presídios federais. Já o Rio de Janeiro apelou para a ajuda federal quando criminosos invadiram o Fórum de Bangu para resgatar traficantes em outubro. Em Santa Catarina, foram ataques contra ônibus e prédios públicos que levaram à transferência de 42 suspeitos, em fevereiro do ano passado, para Mossoró.

Agora, o problema é com o Maranhão, que recebeu oferta de ajuda federal, mas ainda não concretizou as transferências de presos após uma série de rebeliões com mortes violentas e decapitações no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, além de ataques nas ruas (a ônibus e delegacias) que culminaram com a morte da menina Ana Clara Santos Sousa, de 6 anos, no dia 6 de janeiro.
O governo federal ofereceu 25 vagas para líderes de facções que disputam o controle de presídios no Maranhão. As transferências podem ocorrer ainda nesta semana.
"A procura é frequente e, via de regra, ocorre em episódios agudos de violência dentro dos presídios estaduais. Alguns estados têm um problema crônico de superlotação e isso potencializa todos os demais problemas, como violência e insegurança nas ruas", destaca o juiz Walter Nunes.

"O mais inusitado é que, em muitos casos, os estados aproveitam para mandar presos que não se encaixam no perfil de risco, que é a finalidade de um presídio federal, e portanto não deveriam estar lá. Em todas as quatro unidades federais, há situações desta natureza", aponta o magistrado.
"Isso acontece porque há seleção inadequada. Eles pensam: 'No presídio federal tem vaga? Então manda para lá, porque aqui não tem vaga'." "Muitos que vieram de Santa Catarina, eu mandei de volta", disse.

"As penitenciárias federais foram criadas com a finalidade de recolher presos que integram organizações criminosas e que, mesmo estando em um presídio estadual, exerçam algum tipo de liderança ou representem risco. Não se pode generalizar", explicou o juiz.

Para que seja feita a transferência, o governo do estado deve comprovar a periculosidade do preso dentro da região. O Ministério Público e o Judiciário estadual analisam o pedido, que depois é encaminhado à Justiça federal.

"A massa carcerária nos estados é bem superior ao número de vagas, e quem acaba mandando nos presídios estaduais são os próprios presos", afirmou Nunes. O custo de manutenção anual de cada preso para o governo federal é de mais de R$ 20 mil.
Só Tocantins, Sergipe e Rio Grande do Sul não possuem presos em penitenciárias federais atualmente, segundo o Ministério da Justiça
As penitenciárias federais foram criadas com a finalidade de recolher presos que integram organizações criminosas e que, mesmo estando em um presídio estadual, exerçam algum tipo de liderança ou representem risco. Não se pode generalizar”
Juiz Walter Nunes, corregedor da
penitenciária federal de Mossoró
De acordo com o último balanço do Depen, de dezembro de 2012, o déficit de vagas nas prisões do Brasil chega a 237 mil. O G1 fez um levantamento, publicado na quarta-feira (15), que aponta um déficit de 200 mil vagas. Já nas penitenciárias federais, a regra é manter 20% das vagas desocupadas para eventuais situações de crise. Uma quinta penitenciária deverá ser construída em Brasília.  O edital foi lançado em setembro de 2013 3 a previsão é que seja construída até dezembro de 2014.
Motivo desvirtuado
O juiz Alexandre Saliba, que preside a comissão do sistema prisional do Conselho Nacional do Ministério Público, concorda que está sendo "desvirtuado" o objetivo das penitenciárias federais.
"Estão tratando a transferência como uma solução paliativa e emergencial para as crises de segurança pública, o que não vai resolver os problemas de origem, como a superlotação", diz.
"Às vezes, um estado manda preso para o presídio federal sem a pretensão de recebê-lo de volta, e isso não pode acontecer. A penitenciária federal não pode ser uma solução", diz o juiz Walter Nunes.
Corregedora da Penitenciária Federal de Porto Velho, a juíza federal Juliana Maria da Paixão reforça a informação de que presos que deveriam voltar para o sistema estadual, após esgotado seu prazo no sistema federal, não são recebidos de volta pelos estados de origem. "Práticas como essa, se continuarem, inviabilizarão a finalidade" (das prisões federais), diz.
As penitenciárias federais trabalham com um regime disciplinar diferenciado, para dificultar que detentos perigosos falem entre si: cada um fica em uma cela individual, que é revistada minuciosamente todos os dias. São apenas duas horas diárias de banho de sol, e não é permitido receber jornais ou ver televisão, para evitar qualquer contato com o ambiente externo.
arte presídios federais 3vale este (Foto: arte g1)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Total de visualizações de página