Existe uma cultura de assédio dentro da Sap , muitos casos denunciados que não deram em nada , este tipo de crime geralmente sempre é cometido entre o assediador e a vítima, mas não podemos desistir de buscar justiça, aconselho a todos que sofrem e já sofreram que denunciem , busquem ajuda , esta denúncia serve para dar voz a todos os servidores , apesar do medo , do desgaste , é possível mudar este quadro !
Agente acusa chefe de assédio sexual dentro da Penitenciária de Serra Azul
Funcionária diz que diretor a intimidava e chegou a se masturbar diante dela.
Polícia investiga denúncia e SAP instaurou sindicância para apurar os fatos.
Uma agente de segurança da Penitenciária II de Serra Azul (SP) acusa um dos diretores da unidade de assédio sexual. Segundo a mulher, de 44 anos, o chefe a intimidou, disse que sentia atração por ela e, sem sucesso nas investidas, ainda se masturbou diante dela, dentro da sala de trabalho.
A Polícia Civil investiga o caso. O delegado Eduardo Martinez afirmou que não comentará detalhes sobre o inquérito, apenas confirmou já ter registrado o depoimento da vítima e de testemunhas. O suspeito ainda será convocado para prestar esclarecimentos.
O advogado da vítima, Edson Nunes da Cosa, disse que ingressou com um pedido de investigação por meio de Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD), uma espécie de sindicância interna.
Em nota, a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) informou que a direção da unidade instaurou um Procedimento Apuratório Preliminar para averiguação dos fatos. Segundo a secretaria, os dois servidores foram transferidos para outras funções enquanto acontece a apuração administrativa.
O diretor que teria cometido o abuso não foi localizado pelo G1.
Denúncia
Em entrevista ao G1, a agente penitenciária, que prefere não ser identificada, contou que levou dois meses para levar o caso à polícia e aos superiores porque sentia medo de ser penalizada, uma vez que o suspeito é seu chefe direto.
“Ele foi aprovado no mesmo concurso que eu. Ele era meu amigo, era amigo de sentar, trocar ideia, falar dos problemas, a gente conversava sobre coisas da vida, do trabalho. É isso que me deixa pior, ele era meu amigo”, afirmou.
A servidora contou que estava afastada do trabalho há quatro anos, devido a um tratamento contra depressão. Em julho, quando retornou às funções, foi designada para atuar no rol de visitas do presídio, junto à documentação dos familiares dos presos.
Logo nos primeiros dias, ela disse que percebeu as investidas do diretor, que chegou a convidá-la para visitar sua casa. Entretanto, no dia 12 daquele mês, quando estava em sua mesa de trabalho, o suspeito passou por ela e encostou o órgão genital em seu braço.
“Minha colega viu e eu fiquei sem graça. Eu não sabia o que fazer. Eu não sabia se chorava, se saía dali. A única coisa que eu fiz foi dizer ‘ou, isso é assédio sexual’. Ele atravessou a sala rindo, como se fosse uma brincadeira”, afirmou.
No mesmo dia, após a colega com quem trabalha ir embora, a agente disse que o chefe voltou à sala, sentou-se diante dela e começou a dizer que sentia atração por ela. Nesse momento, disse que estava excitado e pediu que colocasse a mão em seu órgão genital.
“Ele falou ‘Não, você vai lá em casa (sic), a gente não vai fazer nada que você não queira.’ Daí eu disse ‘Como é que é?’. Daí ele começou a dizer umas coisas nojentas para mim, que está no depoimento e não quero nem lembrar porque eu começo a passar mal”, relembrou.
Diante da recusa, ainda segundo a agente penitenciária, o diretor se levantou, se posicionou entre os armários da sala, em um local onde as câmeras de segurança não conseguem filmar, abaixou a calça e passou a se masturbar diante dela.
“Eu pensei em tudo. Pensei em jogar a cadeira nele, em jogar o furador de papel nele, em voar na jugular dele, eu pensei em correr dali. Eu pensei em tudo, eu pedia para ele sair da sala, e ele não saía”, afirmou.
A servidora disse então que correu, se trancou no banheiro e permaneceu ali os minutos que faltavam para terminar o expediente. Ela contou que chorou muito e só pensava que poderia fazer nada porque não tinha provas do que havia acontecido.
“Eu me tranquei no banheiro e pensei ‘eu não tenho provas, o que eu vou fazer?’. Eu saí dali me sentindo um lixo, eu chorei dentro do banheiro, eu chorei dentro do ônibus na hora de ir embora. Eu chorei durante três semanas à noite, eu senti medo”, desabafou.
Provas do assédio
A mulher disse que, a partir do episódio, o diretor passou a cercá-la, sempre impedindo que ficasse sozinha com outros funcionários, mas os dois não conversaram sobre o que havia ocorrido. Ela disse ainda que começou a tomar calmantes e chorava com frequência.
Em agosto, uma colega de trabalho percebeu que ela não estava bem e passou a questioná-la sobre isso. A funcionária revelou que sabia que o chefe encostou o órgão genital no braço dela, porque outra servidora que presenciou o fato contou o que havia ocorrido.
“Eu não tinha comentado com ninguém, nem com meu psiquiatra. Então, eu contei o resto e ela ficou indignada, disse que era muito grave e que alguma coisa tinha que ser feita. Foi nesse momento que eu pensei ‘Não posso me deixar acuar”, relembrou.
A servidora disse que, orientada por um amigo, decidiu gravar a confissão do diretor. Usando o celular, chamou o chefe para duas conversas e o questionou sobre o fato. O diálogo foi gravado em áudio, e acabou anexado ao inquérito policial e ao pedido de sindicância.
“Ele contava com meu medo, meu silêncio, minha falta de provas, meu estigma de ser encrenqueira. Eu saí me sentindo culpada, eu saí pensando: o que eu fiz para dar a entender a esse cara que eu não mereço respeito? Eu me senti um lixo”, desabafou.
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