Pesquisar este blog

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Governo dá cigarros para presos psiquiátricos

Governo dá cigarros para presos psiquiátricos

Fumo, autorizado por médico, é destinado a detentos em tratamento na Casa de Custódia de TaubatéALVARO MAGALHÃES
alvarom@diariosp.com.br
Rogério Marques/ O ValePresos em tratamento psiquiátrico em Taubaté podem receber cigarros do estado   Presos em tratamento psiquiátrico em Taubaté podem receber cigarros do estado


Parte dos presos da Casa de Custódia e Tratamento Psiquiátrico de Taubaté, unidade prisional no interior do estado, recebe cigarros comprados pela  Secretaria Estadual da Administração Penitenciária.

Neste ano, o gasto com “fumo”,  que consta da execução orçamentária do governo, é de R$ 1.250. A pasta confirmou que o produto é cigarro, destinado a internos que não conseguem aderir ao programa antitabaco e também não têm apoio familiar. É preciso ainda uma autorização médica.
A medida divide especialistas. A liberação do fumo em instituições psiquiátricas é frequente no país. A Lei Estadual Antifumo prevê que as restrições ao cigarro “não se aplicam às instituições de tratamento da saúde que
 tenham pacientes autorizados a fumar pelo médico”.
Kalil Dualibi, do Departamento de Psiquiatria da Associação Paulista
de Medicina, afirma que, entre pessoas com doenças psiquiátricas, há
 duas vezes mais fumantes do que entre a população. “A ausência da
 nicotina pode aumentar a ansiedade”, diz. “O momento da internação
 talvez não seja o ideal para se largar o vício.”
O que dificulta o tratamento, segundo ele, é o fato de alguns pacientes
 não poderem usar medicamentos  típicos do tratamento ao vício, como
 a bupropiona.
Maria Vera Castellano, da Sociedade Paulista de Pneumologia e
 Tisiologia, se diz contrária à medida. Segundo ela, estudos
 da Universidade da Califórnia mostram que é possível tratar o
 tabagismo de pacientes psiquiátricos. “Eles não estão livres das
doenças ligadas ao fumo.”
André Malbergier, coordenador do Programa de Álcool e Drogas
 do Hospital das Clínicas, diz que estudos mostram que a abstinência
 de cigarro pode ser benéfica ao paciente psiquiátrico. “Mas esses
 estudos foram feitos em instituições que oferecem um tratamento
 completo antitabaco”, diz.
Para ele, é necessária uma política pública para restringir o fumo
 nos institutos. “Há uma cultura de que o paciente pode fumar
nesses locais. Então, uma nova diretriz, dando tempo às instituições,
 seria o caminho.”
Medida atenua sofrimento físico e psíquico, diz secretaria
A Secretaria da Administração Penitenciária afirmou, em nota, que
 a distribuição de cigarros na unidade prisional leva em conta “o
 sofrimento físico e psíquico imposto pela ausência da substância”.
Segundo a pasta,  “todo um trabalho de conscientização sobre os
danos causados pelo tabagismo é realizado na unidade, a fim
 de promover uma mudança de hábitos nos pacientes”. 
A secretaria diz ainda que os pacientes recebem, sob critério médico,
 adesivos que minimizam a dependência. “Todas as ações estão
 em conformidade com a lei”, afirma a secretaria. “As dificuldades
apresentadas pelos pacientes devem ser observadas e trabalhadas
 dentro de uma proposta terapêutica, por meios menos invasivos possíveis.”
De acordo com a secretaria, a medida tem mostrado resultados
 satisfatórios no combate ao tabagismo na unidade prisional.
 A reportagem constatou que os gastos com tabaco têm diminuído
 nos últimos anos.
Secretaria da Saúde teve gasto semelhante
A Secretaria Estadual da Saúde teve, até 2010, gasto semelhante
 ao da pasta da Administração Penitenciária. Em 2010, o gasto
 foi zerado. A distribuição de fumo a pacientes foi substituída por
adesivos e chicletes. A pasta esclarece que, em caso de autorização
 médica, os pacientes ainda podem fumar cigarros fornecidos pela
 família, mas o estado não compra mais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Total de visualizações de página