Governo dá cigarros para presos psiquiátricos
Fumo, autorizado por médico, é destinado a detentos em tratamento na Casa de Custódia de Taubaté
Rogério Marques/ O Vale
Parte dos presos da Casa de Custódia e Tratamento Psiquiátrico de Taubaté, unidade prisional no interior do estado, recebe cigarros comprados pela Secretaria Estadual da Administração Penitenciária.
Neste ano, o gasto com “fumo”, que consta da execução orçamentária do governo, é de R$ 1.250. A pasta confirmou que o produto é cigarro, destinado a internos que não conseguem aderir ao programa antitabaco e também não têm apoio familiar. É preciso ainda uma autorização médica.
A medida divide especialistas. A liberação do fumo em instituições psiquiátricas é frequente no país. A Lei Estadual Antifumo prevê que as restrições ao cigarro “não se aplicam às instituições de tratamento da saúde que
tenham pacientes autorizados a fumar pelo médico”.
tenham pacientes autorizados a fumar pelo médico”.
Kalil Dualibi, do Departamento de Psiquiatria da Associação Paulista
de Medicina, afirma que, entre pessoas com doenças psiquiátricas, há
duas vezes mais fumantes do que entre a população. “A ausência da
nicotina pode aumentar a ansiedade”, diz. “O momento da internação
talvez não seja o ideal para se largar o vício.”
de Medicina, afirma que, entre pessoas com doenças psiquiátricas, há
duas vezes mais fumantes do que entre a população. “A ausência da
nicotina pode aumentar a ansiedade”, diz. “O momento da internação
talvez não seja o ideal para se largar o vício.”
O que dificulta o tratamento, segundo ele, é o fato de alguns pacientes
não poderem usar medicamentos típicos do tratamento ao vício, como
a bupropiona.
não poderem usar medicamentos típicos do tratamento ao vício, como
a bupropiona.
Maria Vera Castellano, da Sociedade Paulista de Pneumologia e
Tisiologia, se diz contrária à medida. Segundo ela, estudos
da Universidade da Califórnia mostram que é possível tratar o
tabagismo de pacientes psiquiátricos. “Eles não estão livres das
doenças ligadas ao fumo.”
Tisiologia, se diz contrária à medida. Segundo ela, estudos
da Universidade da Califórnia mostram que é possível tratar o
tabagismo de pacientes psiquiátricos. “Eles não estão livres das
doenças ligadas ao fumo.”
André Malbergier, coordenador do Programa de Álcool e Drogas
do Hospital das Clínicas, diz que estudos mostram que a abstinência
de cigarro pode ser benéfica ao paciente psiquiátrico. “Mas esses
estudos foram feitos em instituições que oferecem um tratamento
completo antitabaco”, diz.
do Hospital das Clínicas, diz que estudos mostram que a abstinência
de cigarro pode ser benéfica ao paciente psiquiátrico. “Mas esses
estudos foram feitos em instituições que oferecem um tratamento
completo antitabaco”, diz.
Para ele, é necessária uma política pública para restringir o fumo
nos institutos. “Há uma cultura de que o paciente pode fumar
nesses locais. Então, uma nova diretriz, dando tempo às instituições,
seria o caminho.”
nos institutos. “Há uma cultura de que o paciente pode fumar
nesses locais. Então, uma nova diretriz, dando tempo às instituições,
seria o caminho.”
Medida atenua sofrimento físico e psíquico, diz secretaria
A Secretaria da Administração Penitenciária afirmou, em nota, que
a distribuição de cigarros na unidade prisional leva em conta “o
sofrimento físico e psíquico imposto pela ausência da substância”.
Segundo a pasta, “todo um trabalho de conscientização sobre os
danos causados pelo tabagismo é realizado na unidade, a fim
de promover uma mudança de hábitos nos pacientes”.
A Secretaria da Administração Penitenciária afirmou, em nota, que
a distribuição de cigarros na unidade prisional leva em conta “o
sofrimento físico e psíquico imposto pela ausência da substância”.
Segundo a pasta, “todo um trabalho de conscientização sobre os
danos causados pelo tabagismo é realizado na unidade, a fim
de promover uma mudança de hábitos nos pacientes”.
A secretaria diz ainda que os pacientes recebem, sob critério médico,
adesivos que minimizam a dependência. “Todas as ações estão
em conformidade com a lei”, afirma a secretaria. “As dificuldades
apresentadas pelos pacientes devem ser observadas e trabalhadas
dentro de uma proposta terapêutica, por meios menos invasivos possíveis.”
adesivos que minimizam a dependência. “Todas as ações estão
em conformidade com a lei”, afirma a secretaria. “As dificuldades
apresentadas pelos pacientes devem ser observadas e trabalhadas
dentro de uma proposta terapêutica, por meios menos invasivos possíveis.”
De acordo com a secretaria, a medida tem mostrado resultados
satisfatórios no combate ao tabagismo na unidade prisional.
A reportagem constatou que os gastos com tabaco têm diminuído
nos últimos anos.
satisfatórios no combate ao tabagismo na unidade prisional.
A reportagem constatou que os gastos com tabaco têm diminuído
nos últimos anos.
Secretaria da Saúde teve gasto semelhante
A Secretaria Estadual da Saúde teve, até 2010, gasto semelhante
ao da pasta da Administração Penitenciária. Em 2010, o gasto
foi zerado. A distribuição de fumo a pacientes foi substituída por
adesivos e chicletes. A pasta esclarece que, em caso de autorização
médica, os pacientes ainda podem fumar cigarros fornecidos pela
família, mas o estado não compra mais.
A Secretaria Estadual da Saúde teve, até 2010, gasto semelhante
ao da pasta da Administração Penitenciária. Em 2010, o gasto
foi zerado. A distribuição de fumo a pacientes foi substituída por
adesivos e chicletes. A pasta esclarece que, em caso de autorização
médica, os pacientes ainda podem fumar cigarros fornecidos pela
família, mas o estado não compra mais.
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