12/7/2013 às 00h10
Após rejeição em onda de protestos, sindicatos voltam às ruas com pauta trabalhista
Centrais sindicais se reúnem nesta sexta-feira (12) para avaliar manifestações em todo o Brasil
As vozes eram outras e a pauta de reivindicações mais restrita. O que se viu nas manifestações em São Paulo que marcaram o Dia Nacional de Luta nesta quinta-feira (11) foi um perfil diferente de público. Desta vez, os manifestantes puderam levar bandeiras de partidos, sem serem rejeitados. Durante atos que aconteceram há menos de um mês e reuniram milhares de pessoas no País, militantes de legendas foram recebidos com vaias em várias cidades.
No último dia 21, em São Paulo, na avenida Paulista, manifestantes entraram em choque com integrantes do PT (Partido dos Trabalhadores) que queriam participar dos atos e acabaram expulsos. Representantes de outros partidos e centrais sindicais também foram hostilizados. Nesta quinta-feira (11), na mesma via, foram as centrais sindicais que tomaram conta do espaço.
Por volta das 14h, em frente ao vão do Masp (Museu de Arte Moderna de São Paulo), as bandeiras da UGT (União Geral dos Trabalhadores), CUT (Central Única dos Trabalhadores), Força Sindical, CGT (Central Geral dos Trabalhadores) e de partidos, como PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado), PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) e PCO (Partido da Causa Operária), eram agitadas no ato.
A pauta teve um perfil de questões trabalhistas, com questionamentos, inclusive, bem antigos, como a redução da jornada de trabalho para 40 horas. Além disso, os atos na capital paulista pediam o fim do fator previdenciário, o reajuste para os aposentados e mudanças na equipe econômica do governo federal. Não foram vistas faixas com reivindicações por melhora no transporte público, por exemplo.
Em cima de um trio elétrico, representantes das centrais sindicais se revezam para falar com o público. O presidente da Força Sindical, Paulinho da Força, afirmou que “os partidos políticos são todos bem-vindos desde que apoiem a pauta”.
O que incomodava a organização eram reivindicações que não tivessem cunho “trabalhista”, como algumas faixas trazidas por integrantes da CUT de apoio ao plebiscito.
O presidente da CUT/SP, Aldo dos Santos, se defendeu e afirmou que o plebiscito é um ponto comum com o PT e, por isso, estava presente, mas a entidade também estava na manifestação para reforçar a pauta dos trabalhadores.
Manifestantes
Os poucos participantes que não estampavam em suas camisas a central sindical ao qual participavam e protestavam contra algo além das questões trabalhistas, vieram fantasiados. O ator Francisco Monteiro, 50 anos, se vestiu do super-herói famoso dos games Mário Bros para protestar.
— Eu estou lutando pelo fim da Copa. Sou contra. O Brasil precisa de mais escolas.
O aposentado José Bonifácio Santana, que também não é filiado a nenhuma organização e foi participar da manifestação, afirmou que estava decepcionado. Ele disse que a quantidade dos participantes era muito pequena.
— Isso aqui não tem mil pessoas, não vai mudar a cabeça dos políticos, eles vão é dar risada. Não foi o que eu esperava.
Apesar da estimativa da Polícia Militar de que haveria 7.000 pessoas na avenida Paulista, quem foi ao ato teve a impressão de que reuniu muito menos.
Além disso, a passeata programada para sair da avenida Paulista não aconteceu. Por volta das 15h, o presidente nacional da UGT, Ricardo Patah, sugeriu que o ato fosse encerrado. Com o sol, o clima, segundo ele, não era favorável para que os manifestantes andassem mais 2 km, principalmente porque alguns tinham vindo de outros atos.
— Nós resolvemos parar porque o pessoal está muito cansado. Nós temos que ser bastante equilibrados.
Mesmo terminando antes do previsto e não reunindo a multidão esperada, ele avaliou como positiva a manifestação.
— Movimento foi bom no Brasil inteiro. As ruas ouviram e falaram. O resultado foi muito bom.
Um dos pontos altos na sua avaliação foi o fechamento de todas as lojas da rua 25 de Março, maior centro comerciário da América Latina, pela manhã. Segundo ele, cerca de 2.000 comerciários participaram deste ato.
Um dos pontos altos na sua avaliação foi o fechamento de todas as lojas da rua 25 de Março, maior centro comerciário da América Latina, pela manhã. Segundo ele, cerca de 2.000 comerciários participaram deste ato.
Nesta sexta-feira (12), todas as centrais sindicais irão se reunir na sede da Força Sindical para fazer um balanço das manifestações desta quinta-feira e avaliar a possibilidade de marcar um novo dia de paralisações ou até mesmo uma greve geral. O presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, insinuou que os atos vão continuar.
— Nós vamos avaliar as possibilidades. Hoje [quinta-feira], o movimento não acaba

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