“Fiz o que fiz quando ele falou que era policial porque fiquei com medo de morrer”. Foi
a justificativa que Stanley Rodrigues da Silva, 26 anos, tentou dar acerca dos dois disparos
que fez contra o policial Ricardo Garcia Genaro na última sexta-feira. O acusado, foragido
da última saída temporária do Dia das Mães, foi detido na noite de ontem tentando sair de
Bauru. No dia anterior, o seu comparsa, Ruan Carlos Reginaldo, 19, também foi preso.
Aceituno Jr. |
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Stanley Rodrigues da Silva foi detido ontem |
A Polícia Militar (PM) abordou Stanley da Silva no quilômetro 334 da rodovia Marechal
Rondon (SP-300). “Tínhamos a informação de que ele estava escondido em um mototáxi
na região noroeste de Bauru. Quando fomos lá, porém, ele já tinha saído do local.
Nós sabíamos que ele iria fugir da cidade”, relata o primeiro tenente da PM Vinícius Takeshi Sayki.
Foi quando os policiais começaram as buscas e encontraram Stanley em uma moto nas proximidades
de Agudos (13 quilômetros de Bauru). A prisão contou com viaturas das bases Leste, Noroeste e da
Polícia Militar Rodoviária, por meio do Tático Ostensivo Rodoviário (TOR).
Antes de conduzir o acusado para a Central de Polícia Judiciária (CPJ), foram feitas diligências
para tentar localizar as roupas utilizadas por Stanley no dia do roubo. “Ele disse que jogou as
roupas em um terreno no Fortunato Rocha Lima. Fomos lá, mas não encontramos. Em relação
à arma, ele disse que foi seu comparsa quem deu um fim nela”, complementa o tenente.
De acordo com o oficial, logo que foi abordado, Stanley confessou a participação no crime. Ao
chegar à CPJ, ele aceitou falar com a imprensa e confirmou ter sido o autor do disparo. “Ele falou
que era policial. Atirei porque fiquei com medo de ele me matar, né? Estou arrependido. Não
queria prejudicar ele (o policial) e nem a família dele”, disse.
De acordo com a PM, Stanley Rodrigues da Silva já cumpria pena por homicídio em Getulina.
Ele foi liberado provisoriamente da unidade prisional na “saidinha” do Dia das Mães e não retornou
mais. “Nós passamos pelo local e resolvemos fazer o assalto. Não sabíamos que tinha um policial lá”.
Por volta das 23h30, o delegado plantonista Paulo Calil informou que Stanley ficaria detido pelo fato
de estar foragido da saída temporária. “Amanhã (hoje), ele será ouvido pelo delegado que investiga o
caso do policial baleado”.
Também foi conduzido à CPJ o mototaxista que levava Stanley pela rodovia. Em relação a ele, só
foi feito boletim de ocorrência (BO) por não estar com habilitação.
O comparsa
O parceiro de Stanley na tentativa de latrocínio foi preso na noite de domingo enquanto tomava
banho em sua residência, no Parque Bauru. Ruan Carlos Reginaldo, 19 anos, foi “denunciado” por
suas roupas e também confessou a participação no assalto.
Com a divulgação das imagens do circuito de monitoramento, chegou uma denúncia anônima
apontando Ruan como um dos assaltantes. Por volta das 19h, policiais da Ronda Ostensiva com
apoio de Motocicletas (Rocam) cercaram a casa do jovem, localizada na rua Argemiro Jorge Ferraz.
Os familiares afirmaram desconhecer o crime.
No imóvel, porém, foram encontradas as roupas utilizadas por Ruan Reginaldo na noite do assalto.
Ainda na casa, havia um pé de maconha.
O jovem foi conduzido para a CPJ, onde foi interrogado e acabou confessando a participação no crime.
“Ele confessou com riqueza de detalhes. Ruan, inclusive, fez o papel de simular a compra de um
refrigerante”, conta o delegado Kleber Granja, responsável pelas investigações.
Foi encontrada uma digital neste refrigerante. Tendo em vista que o jovem já confessou e foi
reconhecido por uma testemunha ontem, esta é apenas mais uma prova que deve ligá-lo ao crime.
“Ele foi indiciado por tentativa de latrocínio. Apesar de não ter disparado, ele assumiu o risco”,
complementa o delegado.
Na madrugada de ontem, foi decretada a prisão preventiva de Ruan Reginaldo por 30 dias. Ele
foi encaminhado para a Cadeia Pública de Avaí.
Em relação ao pé de maconha encontrado na residência, foi elaborado um termo circunstanciado
por posse de entorpecentes.
Dois roubos
Ruan Carlos Reginaldo já cumpriu medida socioeducativa na Fundação Casa em 2012, onde ficou
apreendido mais de um ano por tentativa de homicídio. Confesso na tentativa de latrocínio do policial
, há indícios de que ele tenha participado de outros assaltos recentes em Bauru.
As investigações da Polícia Civil apontam que o jovem está envolvido em, pelo menos, outros dois
assaltos à mão armada na cidade.
Havia um motorista?
Preso ontem, o atirador confesso disse que havia um motorista na ação criminosa. “Fomos lá em
um carro”, disse Stanley Rodrigues da Silva. As investigações iniciais apontavam que a dupla
tinha ido até a mercearia em uma moto.
Na tarde de sábado, um suspeito foi detido também por denúncia anônima, no Núcleo Geisel.
Ontem, a PM afirmava que esse seria o motorista. O carro seria um Celta branco e o acusado já
teria antecedentes criminais por porte ilegal de arma, roubo, tentativa de homicídio e, atualmente,
estava em prisão domiciliar. A Polícia Civil não confirmou nada em relação a esse suspeito. O nome
também não foi divulgado.
Ainda na UTI, policial sai do coma
Apesar de ainda não se saber as sequelas dos ferimentos, uma boa notícia. O policial militar Ricardo
Garcia Genaro saiu do coma e está consciente. Ele segue na UTI, porém, de acordo com policiais da
Base Leste - onde ele atua -, já está conversando.
Genaro foi baleado na noite de sexta-feira em uma mercearia, localizada na quadra 8 da rua Cézar
Cruz Ciafrei, Jardim Chapadão.
O PM, que estava à paisana, tentou deter um dos criminosos, mas acabou sendo atingido na região
do tórax esquerdo. O militar, de 34 anos, foi socorrido e encaminhado ao Pronto-Socorro Central (PSC)
e, devido à gravidade, foi transferido para o Hospital de Base (HB).
Na madrugada de sábado, o soldado passou por uma cirurgia no pulmão para drenagem do sangue e
estancamento de hemorragia. A bala ainda está alojada e ele corre o risco de ficar paralítico.
Não reconheceram
O vídeo do sistema de vigilância do estabelecimento mostra o momento exato em que Ricardo
Genaro é atingido pelo disparo. Tanto Stanley Rodrigues da Silva quanto Ruan Carlos Reginaldo
afirmaram que o policial não foi reconhecido durante a ação.
As investigações apontam que o Ricardo Genaro estava na mercearia como cliente quando o
assalto ocorreu. A suspeita é de que ele tenha reagido após os assaltantes começarem a revistar
as vítimas. Com isso, descobririam que ele era um policial militar.
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