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domingo, 18 de outubro de 2015

Desabafo de uma maioria honesta, mas invisível à imprensa, pelo simples fato de que suas atitudes não vendem jornais.

Desabafo de uma maioria honesta, mas invisível à imprensa, pelo simples fato de que suas atitudes não vendem jornais.

A folha de São Paulo, no caderno Cotidiano, publicou a seguinte matéria: Celular é vendido por até R$ 20 mil no FEIRÃO DAS CADEIAS em SP, depois para elucidar melhor a matéria a uma grande imagem que diz FEIRÃO DOS PRESÍDIOS, Tabela de preços cobrados para equipamentos e serviços dentro das prisões do estado de São Paulo. Segundo o repórter da Folha de São Paulo, os relatos da matéria foram feitos por sete “funcionários do sistema prisional” corroboradas por um membro das Pastoral Carcerária, que, inclusive acusa os funcionários como sendo os grandes responsáveis por entradas de objetos ilícitos dentro das cadeias. É triste ver um grande jornal como a Folha fazer matérias deste tipo, matérias com o intuito exclusivo de vender jornal, uma matéria baseada em suposições (informações de supostos funcionários e filmagem em um suposto presídio, do sistema carcerário paulista). É muito fácil pegar uma folha em branco e escrever tais palavras, difícil é aferir a veracidade delas. Se, como ele diz, há um “feirão” para a ilicitude dentro dos estabelecimentos penais do estado de São Paulo, com até tabela de preços, ele deve saber, ou melhor, deveria citar em quais estabelecimentos isto esta ocorrendo. Não dar nomes aos bois ou identidade aos filhos é fácil. Seria como se eu dissesse que jornalistas dos jornais de São Paulo estão recebendo para fazer matérias que beneficiem certos setores, pessoas, ou seja lá o que for. (isto pode não ser ilegal, mas, imoral...) É muito fácil jogar palavras ao vento. Afinal, como diz o ditado, o papel aceita tudo. Não estou dizendo que não há corrupção no sistema carcerário, seja do estado de São Paulo ou de qualquer outro estado da União, no entanto, afirmar que há um FEIRÃO dentro dos estabelecimentos penais é leviano. Leviano e irresponsável. No estado de São Paulo há cerca de 35 mil Agentes de Segurança Penitenciária distribuídos entre 163 unidades prisionais. 35 mil pais, mães e filhos que diuturnamente vivem frente a frente com o crime organizado. Que saem de casa todas as manhãs sem saberem a que horas vão chegar em casa, ou, o que é pior, se vão retornar aos seus lares. 35 mil heróis invisíveis que realizam o seu trabalho com honestidade e orgulho. 35 mil heróis que talvez amanhã, não mais serão 35 mil, pois podem perecer. Podem perder as suas vidas para o crime organizado, que, muitas vezes os caçam e os matam sem qualquer piedade. O que eu citei acima, á a realidade, não suposições. É só procurar saber quantos agentes do sistema saíram de casa para o trabalho, e não mais retornaram. Ignorando o verdadeiro caráter dos funcionários do sistema prisional e para corroborar as informações, a matéria cita informações do site Fiquem Sabendo, de que, neste ano, até maio, 6.081 celulares haviam sidos apreendidos nos estabelecimentos prisionais. Se foram apreendidos mais de 6 mil celulares dentro dos presídios, quem os apreendeu? Os membros da pastoral carcerária? Dos direitos humanos? Os presos, sabendo ser ilegal a posse de tais objetos, voluntariamente, os devolveram? Ou alguns dos 35 mil funcionários que trabalham no interior destas unidades prisionais? Chega a ser irresponsável manchar a reputação de toda uma categoria por fatos isolados, e o que é pior, baseado em suposições. Quantos celulares, drogas e outros objetos ilícitos foram apreendidos com os visitantes antes de entrarem nas unidades prisionais? Quantos foram apreendidos em outras situações, sejam através de correspondências, sedex, e em outras maneiras inusitadas, todas com a conveniência e ajuda de seus visitantes? E quem apreendeu tais objetos? Agora digo a todos os jornais, não só à Folha de São Paulo. Por que vocês não procuram saber realmente qual é, e como é desenvolvido o trabalho dos funcionários do sistema prisional? É muito fácil citar que entrou tantos mil celulares nas unidades prisionais, e depois, se omitir ao dar a noticia de que só chegou a este numero por que eles foram apreendidos. E se eles foram apreendidos, foram apreendidos pelos funcionários do sistema, e ninguém mais. Por que, ao invés de acusar os agentes de facilitação, vocês não procuram saber quais as artimanhas utilizadas pelo crime para conseguir que algum objeto chegue ao interior de uma unidade prisional (garanto que vocês irão se surpreender)? Talvez isso não venha a vender jornais, mas é informação. E jornal tem que informar, aliás, é o seu dever. Mas que informe baseado em fatos reais e não suposições. Esta profissão como qualquer outra, há os bons e os maus funcionários. Mas a maioria, a grande maioria são funcionários honestos. Trabalhadores. Funcionários que são tão exemplos que dignificam toda categoria, orgulhando-a por os terem em seus quadros. Não se pode manchar toda uma categoria por causa de uma minoria. Estão aí os números que não me deixam mentir. Se, de uma maneira ou de outra entraram mais de seis mil celulares nas cadeias, estes, foram retirados pelos nossos heróis. E quanto mais entrarem, mais, serão retirados. Porque os funcionários do sistema, como ele, não dorme. E apesar de todas as injustiças que sofrem sempre, eles sempre estarão ali lutando contra o crime. Não devemos julgar uma categoria toda por causa de uma minoria corrupta. Afinal, maus funcionários estão em todos os lugares, até nas redações de jornais.

Texto do Asp  e escritor 

Marcelo de Souza

Penitenciária de Dracena

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