Facção determinou atentado a policiais para vingar mortes, aponta MP
Gravações flagraram 'salve' passado entre integrantes do crime organizado. Para cada bandido morto, membro deveria executar dois PMs
A facção que atua dentro e fora dos presídios paulistas determinou atentados a policiais em 2012. É o que aponta a investigação do Ministério Público que durou cerca de três anos e conseguiu flagrardiversas conversas entre integrantes do grupo. Em uma delas, foi passado um “salve” definindo como eles atuariam no caso de um “irmão” ser executado.
Em uma das gravações feitas na P2 de Presidente Venceslau naquele ano, a mensagem foi repassada. Nela, fica determinado que para cada integrante da facção assassinado, dois policiais da mesma corporação deveriam ser mortos.
“A partir desta data 08/08/12 fica determinado como missão que a quebrada que ocorrer a morte de um irmão de forma covarde, sendo o mesmo executado, caberá a sintonia geral, juntamente com os demais irmãos daquela mesma região, cobrar a morte do irmão na altura, executando dois policiais. Ou seja, se for executado um irmão, será executado dois policiais, sendo da mesma corporação que cometeu o ato da covardia”, diz a mensagem, que também estabelece dois dias para que o atentado à polícia seja concluído.
O “salve” também diz o que deve ser feito, caso os policiais forjem drogas ou armem “para mandar um irmão para a prisão”. “A nossa cobrança será executando um policial da mesma corporação na mesma região, esclarecemos que não foi nós que buscamos esse caminho, ao contrário, é covardia da Polícia Militar, a Rota [Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, considerada a Tropa de Elite da polícia paulista]”.
A facção ainda justica os atos e diz estar se defendendo. “Não iremos se intimidar diante de tal covardia, não estamos mexendo com esses lixos, mas se querem mexer com nós, tomaremos nossa atitude, a resposta será a altura, pois sangue derramado se cobra do mesmo modo”, continua.
Ordens como esta, de acordo com o Ministério Público, teria levado a execução de 106 policiais no Estado de São Paulo no ano passado.
Outro telefonema
Gravações mostraram também a forma como o “salve” era colocado em prática. Em outra interceptação, também em agosto do ano passado, dois integrantes conversam. Um deles, identificado como Sandro, pede informações a Elton sobre um policial que está “causando problema”.
“Procura saber se ele tá trabalhando se tá aposentado, é daqueles cara que nois arremessou o salve mesmo, mano”, fala, conforme as escutas feitas pelo Ministério Público.
Os criminosos, ainda conforme a investigação, fazem analogia entre o aluguel de casas e a mort de policiais. Em outro telefonema, Elton, desta vez com um membro identificado como Mateus, afirma já ter localizado o policial que seria morto. “Já tem em vista a casa ali, já tem o nome da rua, mas já foi até lá pra ver se inbicava para dentro da casa lá só que não estava no momento, entendeu?”, conta na gravação.
Atualizada para acréscimo de informações.
Nenhum comentário:
Postar um comentário