A assembleia deliberou orientações para a categoria se manifestar em caso de novos crimes
Oito agentes assassinados somente neste ano, e nenhum autor dos crimes preso. Esta é a realidade que vem chocando toda a categoria, que está insegura e revoltada. O SIFUSPESP vem cobrando insistentemente para que o governo dê uma resposta à altura, com a identificação e prisão dos executores e mandantes, em investigações que devem ser consideradas prioritárias, pois trata-se de crime contra agente público praticados em função do exercício laboral.
Como o Estado não tem agido com a celeridade necessária, o SIFUSPESP apelou para o Poder Legislativo: pediu, há dois meses, que os deputados estaduais instaurassem uma CPI do sistema prisional paulista. A CPI precisa da assinatura com a concordância de 32 deputados – e até agora conseguiu 29.
Hoje, durante o evento da assembleia da categoria, o SIFUSPESP debateu o assunto com os participantes e também com o deputado Carlos Giannazi (PSOL) na sede do sindicato. Carlos Giannazi, que é um dos requerentes da CPI a pedido do sindicato, falou aos presentes uma realidade dura de se ouvir, mas verdadeira: “os agentes são invisíveis para a sociedade”. Isso explica a razão de tantos agentes serem covardemente assassinados sem causar comoção pública.
O SIFUSPESP propôs, ao final da discussão sobre os assassinatos, uma série de medidas a serem cumpridas pelos servidores do sistema prisional paulista como manifestação de repúdio a cada crime. “Não vamos agir demagogicamente aprovando paralisação em todas as unidades se houver novo crime. Vamos ser realistas, mas vamos também assumir nossa parcela de responsabilidade de ação, pois não podemos continuar de braços cruzados assistindo os nossos colegas sendo exterminados covardemente”, discursou o dirigente sindical Gilberto Machado.
A proposta, debatida e aprovada pelos presentes, compreende quatro ações a serem adotadas por toda a categoria, caso aconteça novo assassinato de agente com característica de execução. As medidas são as seguintes:
- Operação padrão de 48 horas em todas as unidades prisionais. O funcionamento das unidades deverão seguir estritamente o rito de segurança máxima para o desenvolvimento das atividades cotidianas, ou seja, com toda a morosidade e o cuidado que o estado de atenção exige. Por exemplo: cumprimento de apenas duas horas de banho de sol; soltura de presos das celas com extremo cuidado, sem pressa; revista esmiuçada; entre outras ações.
- 10 minutos de silêncio com braços cruzados nos minutos que antecedem o sepultamento do companheiro (acompanhar pelo site do SIFUSPESP o horário exato do sepultamento).
- Que todos os funcionários do sistema usem, no dia do sepultamento, vestimenta preta e tarja preta no braço, em sinal de luto.
- Comparecimento em massa no velório e principalmente no sepultamento. Para tanto, o SIFUSPESP incluiu na pauta de reivindicações de condições de trabalho que a SAP libere transporte saindo das unidades da região em torno do município onde o sepultamento for realizado.
“Sugerimos estas orientações pedindo a Deus que elas não precisem ser postas em prática. O papel da categoria, o papel de todos nós, é nos unirmos e nos solidarizarmos. Temos que comparecer em massa ao sepultamento de um colega vítima de execução, pensando que poderia ter acontecido com qualquer um, pois o crime não foi cometido contra o colega específico, e sim com a categoria – portanto, qualquer um de nós pode ser a vítima”, explicou Gilberto Machado.
O deputado Carlos Giannazi, que participou do debate sobre os assassinatos, se solidarizou com a categoria e se comprometeu a ler o manifesto lançado no evento (leia aqui) e dar publicidade às ações de manifestação decididas na assembleia. “Vou ler esses documentos na ALESP e publicar no Diário Oficial. Assim o governador saberá que a categoria está manifestando e está se organizando contra os crimes, e terá que tomar uma atitude”, disse o deputado.
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